domingo, 19 de maio de 2013

Acinzentada

     O relógio marcava sete horas. Cinquenta minutos antes de o trem partir. Ela organizou suas malas, foi até o ponto mais próximo, pegou o primeiro táxi e foi direito à estação. No caminho pensava sobre a vida, sobre tudo e sobre todos... Pensava! Ao chegar na estação, comprou sua passagem e sentou -se à espera do trem.
     Como havia chegado muito cedo, colocou seus fones e começou a ouvir algumas de suas preferidas músicas. À medida que ouvia, analisava as cenas ao seu redor. Crianças choravam. Pessoas compravam passagens. Alguns se despediam... Havia casais com cara de amigos e amigos com cara de casais. Atos tão simples de gentileza foram presenciados.
     De repente, mais nenhum ato foi percebido, os olhos observavam o nada. Naquele momento apenas a música interessava...   Ela apenas ouvia! Ela sentia aquela música que chegava aos ouvidos e que tocava a alma. Um encontro sinestésico! Os olhos respondiam e os óculos tentavam conter o rio de lágrimas que a inundava... Ela esperava o trem. O trem chamado amor chegar. Ela esperava...O único trem que poderia levá-la a viagens jamais imaginadas.  "Ah, o trem!" Nessa eterna espera, ignorava as pessoas, pois tinha de estar preparada para a grande chegada... "Ah, com certeza, ele chegará!" Não poderia perdê-lo.
     Só que ele simplesmente passou...Inexplicavelmente passou. O trem passou e ela nem percebeu... Assim a tristeza voltou a fazer morada.
     Ela perdeu o trem e se afogou em uma chuva fria e acinzentada de solidão.
                                                                                                                                   (Mara Oliveira)




sexta-feira, 3 de maio de 2013

Expectativas? Não, obrigada.

Cansei de criar expectativas, de esperar, de sonhar...
As minhas expectativas jamais seriam supridas.
As ações planejadas não seriam executadas.

A expectativa sempre vem acompanhada da decepção.
Não é questão de perfeccionismo ou de exigência.
É mera expectativa que às vezes é frustrada...

Deixar que as coisas aconteçam naturalmente é a melhor opção.
Saborear cada momento sem pensar no amanhã é o mais saudável.
Desvendar os mistérios gradativamente é o mais afrodisíaco.

Expectativas? Não, obrigada!

(Mara Oliveira)